Unexpected Answers

 

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Mistaken Life

Só faltava um minuto para a meia-noite e para acabar mais um aniversário de casamento passado em branco, mais dia tão igual aos outros, mais uma desilusão para juntar à colecção. Ela não sabia porque ainda ficava perto do telefone com esperança a inundar-lhes à espera de uma chamada que nunca seria feita, ou porque se produzia para um jantar fora que nunca chegara a acontecer, para uma ida ao cinema que nunca se realizaria. Já tinham passado cinco anos e nunca tinha recebido uma caixa de chocolates ou um ramo de flores sequer no dia seguinte como pedido de desculpas. Van nunca fora um namorado muito afectuoso, mas desde que se tinham casado ele tinha piorado. Deixara de acompanhá-la durante as refeições, chegava tarde do trabalho sempre com desculpas que Katherine achavam cada dia mais disparatas, mas nas quais fingia acreditar para evitar mais conflitos em casa. Ela sabia que o casamento tinha acontecido para o bem das duas famílias, mas ela em tempos amara-o e ele a ela… disso tinha certeza.

 

Ela tinha 19 anos estudava na Universidade de Oxford uma das mais conceituadas de sempre. Queria ser jornalista, fazer reportagens sobre homicídios, participar em noticias interessantes, ser reconhecida pelo seu trabalho, porém apaixonara-se pela escrita criativa e agora aos 26 já publicara três livros e pensava em escrever um quarto baseado nos “ses” da sua vida. Na altura era uma rapariga muito extrovertida, muito sociável, ainda não tinha começado a sentir o peso do nome da família e tudo o que isso implicava, de modo que quase todas as noites ia ver filmes ao Drive-in perto da faculdade com amigas ou amigos, melhor dizendo rapazinhos que achavam que a podiam conquistar com uns simples amassos dentro de uma lata velha, um pacote de pipocas, um céu estrelado e um filme que por vezes era uma treta. Sempre fora uma rapariga esbelta: alta, com uns cabelos ruivos lisos, que lhe davam pelas ancas e que faziam roer de inveja qualquer rapariga, e uns belíssimos olhos turquesa que simplesmente não tinham descrição. Ela sabia o impacto que causava nos rapazes, tinha perfeita noção que se usasse um decote dificilmente se lembrariam de a olhar nos olhos aquando de uma conversa, sabia que usar saia era o suficiente para desconcentrar uma equipa inteira de futebol americano. Ela era o se classificava como: o sonho de qualquer estudante universitário ou o que se esperava de uma estudante universitária – beleza, inteligência e dinheiro. Porém ela era mais do que isso, era uma rapariga doce, apaixonada pela vida, uma rapariga que gostava das coisas mais simples da vida.

Ele tinha já os seus 23 anos, era um rapaz sem amigos para quem o trabalho era tudo e um dos muitos secretários que trabalhavam na empresa do seu pai, por sinal um dos melhores, dos poucos jovens que se dedicava de alma e corpo ao seu cargo e que não olhava a meios para atingir fins. Não era fácil para um jovem passar mais de oito horas enfiado num escritório a redigir relatórios, fazer atas e tratar de todo o tipo imaginário de burocracias, porém ele não se queixava, pelo contrário fazia aquilo por prazer. Na altura não tinha sido a sua beleza que a tinha atraído e a tinha feito perder horas a vaguear nos corredores da empresa suspirando por ele, mas sim a sua responsabilidade, a sua maturidade, o facto de ele ser diferente de todos os demais, de trabalhar e ser focado no seu objectivo, e claro a sua idade também. Katherine era uma rapariga simples mas decidida que procurava o homem ideal com quem esperava passar o resto da sua vida, numa boa casa, rodeada de empregados, sempre com visitas e com crianças fofinhas a chamaram-na de mãe e no entanto, olhando hoje em dia, ela sabia que tinha ficado muito aquém das expectativas: o homem ideal revelara-se ser tudo menos ideal para ela, a casa até era boa mais ficava longe da mansão onde se imaginara a desfilar ao descer a longa escadaria com o seu vestido de noite bastante produzido (até o vestido de noite, se ficara por um simples pijama nada sensual como ela imaginara em tempos), empregados não tinha apenas uma governanta que lhe era fiel desde da sua adolescência e que era como uma segunda mãe para si, visitas apenas os rudes e completamente desinteressantes colegas de trabalho de Joshua que raramente apareciam e quando o faziam inspiravam pensamentos homicidas em Katherine, e crianças? Duvidava que alguma vez as fosse ter, o marido tinha um ódio que ela nunca entendera por crianças, algum tipo de trauma que por mais irracional que fosse o fazia evitar ter relações sexuais, e o que deixava Katherine um pouco frustrada, porque nunca tinha sido amada como uma mulher e homem se amam, nunca sentira o que as pessoas diziam ser prazer, apenas um enorme aborrecimento durante as rapidinhas.

Na altura ele era um rapaz charmoso mais que bonito, se é que ele podia ser considerado bonito, mas como ela nunca ligara muito à beleza, no momento que o vira também esse pormenor lhe passou ao lado.

Conheceram-se durante as pequenas pausas de trabalho deste e muitas vezes durante o seu horário laboral, começaram a sair sempre que ele podia e que o pai de Katherine aprovava, dois anos depois ele pedira-a em casamento de uma forma muito despojada de festança, completamente o oposto do que Katherine sempre sonhara, nada de aneis muito vistosos com uma enorme pedra, nada de jantar com direito a música de violinos, caixa de veludo? Essa ficara perdida algures nos seus sonhos (depois de pressionado pelo seu pai, porque sabia que o pai de Katherine lhe iria conceder um cargo mais alto na empresa se fosso seu genro) e agora cinco anos depois mais pareciam dois desconhecidos a partilhar uma casa, onde poucas ou nenhumas memórias tinham sido lá construídas. Quase a fazia lembrar os tempos de faculdade quando se mudara para a residência em que fora forçada a partilhar uma casa com imensa gente que no inicio era desconhecida, mas que depois se tornaram amigos e colegas… essa era a diferença na faculdade passara de viver com desconhecidos e acabar como amigos, agora que se casara passar de viver com o homem que amava para acabaram como desconhecidos.

A sua casa era o espelho da sua vida: fria, despojada de grande alegria, demasiado simples. Ela que sempre sonhara tanto com tudo muito romântico, tinha-se estatelado de cara na brutalidade da vida real ao descobrir que o amor não era para todos, era para aqueles que tinham coragem para viver.

Se havia outra? Katherine há muito que o sabia apenas ainda não se tinha dado ao trabalho de perder tempo para descobrir quem era essa pessoa. Ao contrário dos filmes não fora as camisas com marcas de batom nos colarinhos (embora já tivesse apanhado umas quantas), as chegadas tardias a casa com desculpas fracas (cada vez mais frequentes), os telefones estranhos que o faziam trancar-se no escritório (aos quais ela já se habituara), mas a mudança de postura face ao trabalho. Ele que sempre fora um homem responsável esquecia-se agora de reuniões importantes, desaparecia durante horas, trancava-se dias e dias no escritório no entanto o trabalho aparecia sempre por fazer. Várias pessoas já a tinham avisado da possível traição da qual ela tinha perfeita consciência e tudo o que ela fazia era describilizar tal verdade porque o “meu marido é das melhores pessoas que se pode pedir para termos na nossa vida. Ele jamais me faria isso.” Ou então “O meu marido? Aquele tesouro anda apenas cansado e talvez seja da idade.” Tudo desculpas esfarradas para algo que estava á vista de todos. Ela só pedia por tudo para nunca descobrir quem seria a pessoa.

 

E cada dia que passava Katherine se cansava da sua vida, envelhecia só de olhar para aquelas paredes e sabia que estava apenas a desperdicar a sua vida, a sua vitalidade. Sempre fora bastante activa e naquela casa sentia-se cada dia mais velha pois não podia fazer grande coisa. Fluffy, um gato siamês totalmente branco, os seus livros e a sua governante eram a sua única companhia, visitas era algo que ela desconhecia. A não ser que se referissem aos asquerojos, nojentos e completamente aborrecidos colegas de trabalho do marido e empregados de seu pai que viviam devorando-a com os olhos e tentando penetrar por entre a sua roupa, algo que a repugnava bastante. Vivia apenas e somente para fazer o papel de boa esposa que fica o dia todo agradecida ao seu maridinho por estar a trabalhar arduamente para trazer sustento para casa para que ela possa ter um pouco mais de conforto, ou para que ele mesmo a possa estragar com mimos, quando no fundo devia estar a jogar setas com a foto dele como alvo, pensando nas enormes traições e esperando o dia em que iria ser alvo de xacota perante praça pública. Ela nunca chegara a saber o que era o amor, pelo menos tentava convencer-se disso porque se o amor era aquilo que vivia diariamente o mundo só podia ter enlouquecido e aquilo que as adolescentes sonhavam durante os seus anos de ouro era nada mais do que um conto de fadas demasiado bem tecido para que quando crescessem os seus sonhos fossem totalmente esmagados e vissem o quão enganadas estavam. Porém apesar de tudo ela tentava todos os dias procurar uma razão para ainda estar a viver com tal  criatura. Tudo o que ela pedia não era assim tão complicado, apenas  queria um marido que tirasse meia hora para se juntar a ela nas noites geladas no sofá a beber chocolate quente e a ver filmes por mais sem contéudo que eles aparentem ser. Um marido que a acorde com um beijo de bons dias. Coisas banais que a pobre coitada nunca tivera.

 

Provinha de uma familia numerosa, filha de dois aristocratas reconhecidos e bem posicionados na  sociedade: Stephanie e Chris Jackson. Os seus irmãos eram pessoas muito singulares, todos diferentes entre si e com histórias de vida cada uma mais estranha que a outra. Gisella de 18 anos, era lésbica apesar dos desconhecimento do seus pais e era apaixonada por Samantha de 18 que por sua vez era ex namorada de Stephan York de 24 que era actual namorado de Anastacia (porém Katherine sabia que ela tinha um amante pois já várias pessoas tinham comentado, desconhecia totalmente quem era e nem se importava muito com isso, antes de descobrir com quem é que a irmã passava as noites, preferia com quem o marido passa os dias). Thomas era o mais normal embora a diferença de idades entre si a sua mulher ainda fosse algo que provocava mexericos na sociedade, ele com 31 casara-se com Ruth que neste momento tinha 23. Samantha era a melhor amiga de Katherine e vice-versa, as irmãs tinham formado entre si uma aliança que a rapariga depois de casar continuara a manter. Giselle contara à irmã que se tinha apaixonada pela ex do namorado de Anastacia, depois da a ter conhecido na sua despedida de solteira e que desde então descobrira-se incapaz de olhar para qualquer homem e morria de medo de estar "doente" e de desiludir os seus pais. 

Já a relação de Katherine com Anastacia tornara-se um quanto fria haviam três anos, ela não entendia o porquê e o motivo era só do conhecimento de Anastacia dado que havia coisas que Katherine não sabia não só por vontade de permanecer na ignorância como porque a irmã simplesmente se fechava em copas como se fosse algo obsceno ou um crime grave. Mas Katherine com os anos perdera a paciência com toda a gente inclusivé com a familia. Ela necessitava de começar de novo, de recomeçar tudo do zero. Ela queria ver mais além do que lhe era permitido ver enquanto mulher casada. Mas como começar de novo quando a melhor parte da sua vida já tinha passado? Estava condenada a partilhar o resto da sua vida com um homem que não a amava fisicamente muito menos emocionalmente.

Era pecado querer sentir o prazer carnal que fazia os corpos moverem-se em sintonia e suarem juntos em movimentos sempre sincronizados?  Ela nunca tivera nada disso, apenas momentos breves em que o seu marido apenas se preocupava com ele, e quando se vinha acabava tudo , virava-se e dormia apenas.

 

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A fresh start

Katherine acordou com o sol a bater-lhe nos seus delicados olhos, a governanta que a tratava de uma forma bastante dócil e que estimava a patroa acima de tudo o que era possível de imaginar, tinha já subido os estores e afastado as cortinas roxas que tornavam o quarto numa especie de toca um pouco misteriosa e que podia dar para passar boas noites de sexo selvagem, para que esta despertasse naturalmente, embora o resultado não fosse bem o esperado. O seu quarto tinha uma vista no minimo bonita para grande e populosa cidade, embora tivesse alguns prédios que considerava bem dispensáveis na sua frente, ao longe podia contemplar o limpide e bonit oceano turquesa adorava o degradé de cores que se registava quando mais longe da costa a água se situava. O sol brilhava e com ele uma esperança que o dia pudesse melhorar, ou ser pelo menos um pouco mais agradável que o outro se gerava. Katherine decidiu levantar-se e inciar a sua rotina diária, da qual começava francamente ficar farta. Qualquer acontecimento por mais pequeno que fosse que mudasse a sua rotina, nem que fosse por uns breves segundos, faziam com que esta ganhasse um pouco mais de ânimo e que um sorriso se esboça-se no seu rosto branco de bonequinha de porcelana.  

Levantou-se com bastante preguiça, não dormira quase nada na noite anterior, o marido chegava cada vez mais tarde e agora forçava a ter relações se esta não acedesse de bom grado e isso já lhe causara algumas nodoas negras nas ancas, dirigiu-se à casa-de-banho, abriu a torneira da agua quente e fria, até obter um nível de água morna. Deixou deslizar o robe pelos braços e foi retirando a roupa enquanto a banheira se enchia, despejou um pouco de gel de banho para a banheira que rapidamente se transformou em espuma. Foi entrando lentamente, deixando choque térmico da sua pele fria com a agradável temperatura da água, arrepiá-la e tornar os seus seios cada vez mais erectos. Deitou-se na banheira e perdeu-se a imaginar o que seria ter um homem com um corpo desejável ali à sua frente e que a dominasse de uma forma selvagem e a fizesse gemer de prazer. O que mais a atraia era o facto do sexo esse tabu lhe ter sido quase sempre negado em toda a sua extensão, ela queria sentir o que as outras mulheres sentiam, queria gemer e ficar sem ar para mais... queria, e iria continuar a querer o que sabia que nunca iria ter porque enquanto fosse casada com Van, o prazer seria uma palavra mais tabu que sexo naquela casa. Porém ela sentia-se frustada sabendo que a amante do marido provavelmente teria muito mais sorte que ela, e que se calhar ele esgotava toda a sua creatividade encostando-a à parede, atirando-a para cima da secretária e quando regressava em casa apenas se lembrava de se satisfazer rapidamente, o que era completamente injusto para ela. Perdeu-se nos seus pensamentos e quando voltou a olhar para o relógio já tinha passado uma hora. Estava completamente mole e continuava cheia de sono.

Vestiu um vestido vermelho justo ao seu bem deliniado corpo onde se notava o relevo do seu avantajado peito. Puxou o seu cabelo de modo a só descair de um lado. Passou eye-liner preto nos olhos e um rimel que duplicava o volume das suas perfeitas pestanas, e colocou um batom vermelho que contrastava com o branco dos seus dentes. Sem fazer muito sabia que era capaz de fazer qualquer coisa "acordar". Calçou uns sapatos com uns 10cm pretos classicos que lhe ficavam lindamente e que faziam notar mais as suas pernas que já só por isso eram esbeltas.

Não tinha nada para fazer durante o dia, então decidiu que ia dar uma volta à cidade. Talvez ir às compras, comprar um chapéu novo ou uns sapatos de veludo novinhos em folha, ela sabia que isso era fútil porém não via nada mais interessante que pudesse fazer naquela cidade completamente. Saiu de casa inspirou o ar puro e começou a caminhar em rumo da baixa da cidade. Olhava os casais na rua e invejava-se a olhos vistos. Olhou para dentro de um café e viu algumas pessoas a montar um touro artificial, o café estava repleto de homens como aqueles que ela imaginava quando se tocava à noite. De repente sintiu-se impelidade a fazer algo diferente, algo sem pensar muito. Queria desafiar-se a si mesma, queria sentir-se livre nem que fosse por meros segundos. 

Sem pensar muito no assunto, pois sabia que isso poderia fazer com que ela desistisse do que estava prestes a fazer. Abriu as portas do café que se assemelhava aos cafés daqueles filmes de cowboys e indios. Todos os que estavam lá dentro pararam tudo o que faziam para a comtemplar e alguns pararam até mesmo de respirar. Afinal de contas não era todos os dias que uma mulher atraente, entrava naquele café tão segura de si, e não vinha acompanhada, porém todos podiam denotar a reluzente aliança no seu dedo anelar. Completamente confiante, chegou-se perto do touro mecânico e parou.

- Receio que esteja perdida senhorita. Isto não é o cabeleireiro ou mesmo a botique. Aqui é só hormonas aos saltos, frustrações sexuais e pessoas a afogarem as suas mágoas.

Um homem esbelto, com um corpo que a fazia suar só de olhar atravessou-se à sua frente. Ora bem ela parecia estar no local certo: as suas hormonas estavam mais que excitadas, a sua frustração sexual aumentava a olhos vistos, e procurava um local para afogar as mágoas. Ela sabia que se tivesse procurado talvez não tivesse encontrado o local que parecia ser mesmo o acertado para aquilo que mais tarde ela viria a conhecer como o novo começo.

- Acredite em mim quando digo que não podia estar no local mais certo. Mas será isto intredito a mulheres? É que receio ser o único ser de saltos altos por aqui.

- Por acaso não é interdito, apenas este clima de bebida e tabaco excessivo, somando uma linguagem muito pouco cuidada para senhoras da sua posição.

- Minha posição? Eu conheço muitas posições por acaso, mas não conheço nenhuma que seja minha.

- Peço perdão pela ousadia, mas já vi que é atrevida. E posso saber o que uma senhora casada, procura por aqui?

Katherine sentiu as suas pernas fraquejarem, apenas lhe passavam imagens menos próprias na sua mente. Ela pensou nas suas unhas passeando nas costas daquele homem, de tê-lo sobre ela, de ser encostada a uma parede e elevada nos fortes braços dele. Nunca soubera o que era ter sexo a sério e cada dia ficava mais frustrada por isso. Tentou abstrair de tais pensamentos impróprios e pôs-se na fila para o touro mecânico, os olhos de todos os presentes naquele estabelecimento continuavam focados nela, melhor dizendo na sua estrutura fisica. Nos seus arredondados seios, na sua delicada cintura. Toda ela transpirava sensualidade. 

Chegou então a sua vez de montar o touro e antes de subir, aproximou-se daquele homem que lhe tinha despertado o interesse e depositou-lhe nas suas mãos os seus sapatos altos, apertou o cabelo num coque e deu um nó no seu vestido para que ficasse justo ao seu rabo, de modo a não se poder ver a sua roupa interior. O homem apenas sorriu, mas isso foi o suficiente para a encher de coragem e aumentar a sua excitação. 

Subiu com cuidado para cima do touro com ajuda do seu novo amigo. E quando começou a mexer-se sentiu uma sensação nova que jamais antes tinha experimentado, uma sensação que a fazia querer continuar ali, experimentava então pela primeira vez a chamada adrenalina, conseguiu aguentar em cima daquele objecto mecânico perto de um minuto e meio, cerca do dobro de alguns homens presentes que com vergonha se apressaram a abandonar o local. Desceu e tentou recompor-se, afinal de contas teria que voltar para casa impecável como de lá saira, como iria explicar que a meio do caminho para a boutique passara numa tasca desprezivel, se entretera a falar com um estranho enquanto o seu corpo o desejava com todas as suas forças, tinha estragado o penteado, descido dos saltos, amarrotado o vestido e subido para cima de um touro mecânica apenas porque queria experimentar algo novo, algo diferente, algo que a fizesse ter prazer por estar viva. Não podia negar que tinha descoberto. Os seus pensamentos foram interrompidos pelo homem do café/tasca que a olhava com uns olhos que expressavam interrogação.

- Veja o estado em que ficou, decerto o seu marido não irá gostar muito, quer ajuda a recompor-se. Tenho o meu veiculo à porta se precisar posso acompanhá-la ao cabeleireiro e a uma engomaria para arranjar de novo o seu vestido. Aqui tem os seus sapatos.

Katherine ficou absorta com a simpatia do homem, como era possivel alguem ser tão simpatico assim com ela? O seu marido nunca se preocupara com a sua roupa quando mais o com o seu cabelo. Ela permitiu-se sorrir por um bocado e sentiu o seu corpo aquecer.

- Muito obrigada parecer ser um cavalheiro em peras. Costuma resultar? 

- O que? Peço desculpa mas ach que me perdi na conversa.

- Estas tática de engate, costumam resultar consigo?

- Acha que se quisesse engatar alguém estaria numa tasca cheia de homens bebedos e a cheirar a suor? acho que me julgou mal,  mas compreendo-a perfeitamente, o que não faltas por aí são homens assim que vêm as mulheres como se de prémios de caça se tratassem. Eu não valorizo muito isso, acho que  familia e os amigos são muito mais importantes que meras conquistas e encontros de uma noite apenas. No dia em que abrir o meu coração para o amor, terei que ter a certeza que encontrei a pessoa certa e não apenas mais uma mulher desesperada por ter uma bela noite de sexo.

Katherine bebeu cada palavra que da boca daquela individuo saia. Sentiu que tudo o que sonhara por partida do destino estava diante dela e infelizmente não podia aproveitar porque um simples papel no registo civil e a porcaria daquele anel sem qualquer valor sentimental para si a impedia. Era injusto, alias a sua vida tinha sido até então uma sucessão de injustiças. Tinha sempre tentado ser o mais correcta possivel e no fim nunca obtinha prazer algum ou mesmo felicidade. O que era isso? Felicidade? Desde do dia em que se casara nunca mais soubera o verdadeiro sentido dessa simples palavra.

A mulher aceitou de bom grado e antes de sair da tasca, retirou aquele anel e guardou-o na sua ponchete. Preferia tê-lo deitado para o chao afinal de contas alguem poderia fazer um bom dinheiro dado que era ouro puro, cheia de pequenos diamantes incrustados, porém sabia bem que se chegasse a casa sem ele, Joshua tornar-se-ia violento com ela e provavelmente iria magoa-la, só de pensar nisso ela morria de receio. Sem se aperceber começou a chorar.

- Que tem? Sentiu-se mal. Precisa de um copo de água.

Sem pensar duas vezes, katherine correu para os braços do desconhecido que a abraçou com força e lhe transmitiu uma segurança que nunca tinha sentido, este continuou a fazer-lhe festas nas cabeças com, o desejo de a acalmar e obteve os resultados esperados. 

- Peço desculpa, que vergonha. Não, desculpe não queria de todo ter feito isto. Espero que me perdoe. 

Kahterine com vergonha saiu dos braços do desconhecido a chorar e meteu-se dentro do primeiro taxi que lhe apareceu à frente, e pediu que a levasse para casa, já não queria saber dos outros, apenas queria enfiar-se na sua  cama e permanecer lá para sempre. Aquele abraço não saia da sua cabeça assim como os belos olhos azuis deste. Nem sequer lhe tinha perguntado o seu nome, ou seja, talvez nunca mais o voltaria a ver. Aquilo não tinha passado senão de uma estupida aventura que a deixara mais farta da vida que levava do que antes. 

Passou um mês e a sua rotina continuava igual, cada dia que passava sentia vontade de pôr fim à sua vida. Pelo que Joshua lhe dissera hoje iria começar na casa um novo mordomo, ele achava que a governanta daquela casa já não era competente para tomar conta daquilo tudo além do mais dava-lhe jeito um motorista novo e jovem para empressionar a amante e todas as mulheres com quem desejava ter uma conversa mais intima que o normal. Claro que ele também iria fazer algumas coisas em casa, como servir a mulher, porém estava avisado para não se demorar muito com o olhar nela, pois isso podia valer-lhe o trabalho.

O motorista, e mordomo chamava-se Norman Travis, um homem robusto, com uns intensos olhos azuis que quase faziam concorrência aos de Katherine, era um homem com um corpo bastante trabalho e a camisa branca justa que usava, tornava-se quase transparente quando pressionada pelos seus abdominais e pelo seu peito, assim como os braços dele que pareciam aguentar bastante peso, como o peso de uma mulher contra uma parede. Tinha vindo do interior há pouco tempo e ainda não estava habituado à vida na cidade. 

Por vezes queremos que tudo aconteça tal e qual como planeamos na nossa mente. Tal e qual como sonhamos naquela noite. Com aquela pessoa, naquele local, daquela forma. Porém o destino teima em trocar-nos as voltas e fazer-nos ter o que mais queríamos quando menos o esperávamos. Aprendemos assim com o destino a levantar a cabeça após a queda e a entender que por vezes o chão não é a pior coisa que podemos encarar na nossa vida. Aprendemos também que o que nos está destinado pode ser atrasado, mas não evitado. A vida é feita de erros e acertos, vitórias e derrotas, desencontros e coincidências, tristeza e alegria, mas também de ironia e contratempos. Duas pessoas tão diferentes, dois destinos que sempre tinham sido paralelos durante anos estariam talvez mais perto de ser cruzar do que talvez chegaram alguma vez a imaginar.  Isso foi o que acabou por acontecer com Katherine e com Norman.

Quando ele chegou pela primeira vez à casa foi recebido pela governanta que lhe ensinou as regras da casa. Parte dessas regras era aprender a acordar a patroa, e assim o fez, seguiu a mulher já idosa em direcção do quarto da ainda desconhecida patroa. A mulher entrou e mostrou-lhe que devia subir até metade os estores, afastar as cortinas e depois ir subindo muito lentamente os estores até à patroa despertar com calma. 

Ao acordar Katherine contemplou o mordomo e ss seus intensos olhos azuis, raiados de sangue devido à luz solar, dilatados pelo espanto cruzaram-se com o espantoso olhar semelhante ao oceano limpido, cansado dela. Foram menos de 5 segundos, incontáveis nano segundos, porém que pareceram para ambos eternas horas, um olhar em camara lenta onde cada um contemplou os pormenores da alma do outro deliciando-se com os mistérios que fora desvendando. Era um olhar confuso, tímido, um pouco medroso talvez, porém exposto à governanta que os rodeava e permanecia em silencio puro, naquele momento em que nada mais importava, em que qualquer lençol, cortina ou mesmo sala tinha sido esquecida, encontravam-se talvez num cenário utópico que esses filmes de romance tanto se esforçam por recriar, um cenário apenas deles que nunca ninguém soube ou tentou desvendar, uma dimensão que apenas a eles pertencia. Ela ansiara por algo parecido aquando da sua fogosa aventura pelo café ou tasca, algo que nunca teve pois o marido nunca a olhara daquela forma… nunca olhara para ela na verdade, ela fora sempre mais uma vulgar cara entre as inúmeras outras com quem ele diariamente convivia tanto na trabalho como fora deste, apenas mais uma mulher, mais um ser como tantos outros.  

Katherine sentou-se de imediato e dispensou a governanta, ordenando ao mordomo que permanecesse no quarto. 

- O que faz na minha casa?

- Não posso crer. Se quiser dispeço-me já. No outro dia procurava por emprego e vi um anúncio endereçado com a morada desta casa à procura de um mordomo, e como preciso de sustento para me aguentar nesta grande cidade aceitei, mas nunca pensei que alguma vez a fosse voltar a ver.

Katherine também não esperava, estaria o destino a pregar-lhe partidas. por ela ele podia continuar, só a fazia mais feliz assim. Porém Katherine teve que manter a sua faceta de patroa para não deitar tudo a perder.

- Não, não é necessário. Bem já aprendeu como me deve acordar, só uma dica, a abordagem dela não é de toda a mais indicada, quando me quiser acordr, basta apenas que me traga o pequeno almoço e me chame, eu desperto se ouvir o meu nome e acordo muito melhor humorada verá. Agora pode ir preparar a banheira para que eu tome um bom banho? 

- Claro que posso. Como prefere?

- Excitante de preferência. Surpreenda-me.

Katherine tornava-se atrevida quando se sentia atraida por alguém. Quando o vira pela primeira vez, ele era apenas o homem que segurara nos seus sapatos enquanto ela montava o touro, apenas mais um homem vulgar e igual a tantos outros com os quais se cruzava diariamente na rua e na sua vida, porém o seu enigmático olhar a atraíra e a prendera a ele, e a fizera perder a vergonha e abraça-lo sentindo cada centimetro do seu corpo encostado ao dela. Nada aconteceu nesse dia e ele nunca chegara a saber que ela passara esse ultimo mês a pensar numa maneira de o voltar a ver. Nunca chegou a singela mulher a pensar que um mês depois ele seria o mordomo que o seu marido tinha contratado para satisfazer todas as suas necessidades. Na verdade isso pouco a incomodara nas primeiras semanas. Talvez porque estava mais ocupada com outros problemas como as inumeras amantes do seu marido que agora tinham perdido a vergonha e ligavam para a sua residência fazendo esta sentir-se cada vez menos interessante, perdia a sua auto-estima a olhos vistos logo ela que sempre fora uma mulher tão confiante. Não sabia como se tinha deixado chegar aquele ponto, ao desespero. 

Entrou na banheira e adormeceu. 

De repente abriu os olhos e sentiu-se encharcada, estava no meio de uma rua, de fundo ouvia o som apaixonante e único do tango, ao dar um passo sentiu frio. Envergava então uns sapatos pretos com uns belíssimos 6 cm, um vestido onde o top era vermelho vivo e a saia preta, este tinha um decote em V e era aberto nas costas.

Estava perante uma escada e na sua frente encontravam-se duas figuras masculinas, que esta identificou automaticamente, uma era Joshua e a outra era Norman. Joshua tinha vestido uma calças pretas e uma t-shirt preta também, já Norman tinha uma camisa branca, agora transparente por causa da chuva, justa ao corpo e aberta até ao peito e umas calças pretas também justas ao seu corpo.

Agora a música já não era melodia de fundo, estava alta e transmitia tensão sexual. Os dois rapazes desceram as escadas, Joshua agarrou-a e fê-la deslizar nos seus braços como se desliza uma rosa por entre os dedos, Norman puxou-a contra o seu peito e o beijo mais uma vez tinha estado muito perto de acontecer, Katherine podia contemplar o corpo bem constituído dele. Joshua puxou-a quase deixando-a cair e beijou-a no pescoço o que a fez arrepiar-se. Norman trouxe-a de novo ao encontro dos seus lábios, agora ele estava por detrás dela, os seus braços envolviam a barriga dela e ela afastou o cabelo para que ele a beijasse no pescoço.

De um momento para outro só se encontravam eles os dois sobre um fundo preto, mas música continuava tocando cada vez mais urgente. Katherine já não estava em si, virou-se e beijou-o. Beijou-o com urgência, com a paixão e a tensão sexual que o tango deve sempre transmitir. E pediu, implorou para que aquele beijo não terminasse, pelo menos, não agora que podia sentir os dois corpos molhados juntos um ao outro, outrora em pé agora deitados, ela estava sobre ele e o beijou prolongou-se …

então Katherine foi obrigada a acordar. Norman fazia-lhe festinhas na cabeça e chamou-a com uma voz sedutoramente irresistivel.

- Senhora Katherine, acorde. Katherine, senhora já passaram duas horas.

Katherine acordou e comtemplou os olhos do mordomo e sorriu, ele retirou-se para que esta pudesse vestir. E ela sabia que lgo tinha-se passado com ela, quando ganhou de novo prazer em vestir-se para impressionar alguém e não só, para se sentir bem consigo mesma também. Envergava um vestido azul-marinho, brilhante, adornado com um cinto roxo mirtilo que a favorecia e fazia o seu peito sobressair, e constratava também com os seus olhos, calçava umas botas de pele pretas que lhe chegavam aos joelhos e que lhe davam mais uns belos 10 cm. Podia ser comparada a um anjo pela forma graciosa com que andava, pela educação com que se expressava e pela sua beleza natural dado que pouca maquilhagem usava.

- Já estou pronta Norman, pode ajudar-me a descer as escadas.

- Claro com todo o prazer, a senhora sua mãe aguarda-a lá em baixo, diz que precisa de falar com a senhora.

- Podes tratar-me por tudo quando estivermos os dois, apenas trata-me por  você na presença do meu marido e não é senhora é menina, não me faças sentir velha. Só tenho 26 anos, por favor.

- Somos das mesma idade menina. Mas vá não nos demoremos. 

E assim desceram as escadas juntos, ficavam bem não fosse era ser casada, ser de uma classe social superior à sua e ser sobretudo sua patroa. Além do mais ele já tinha sido avisado pelo marido desta para não olhar muito para ela. Katherine já não era a mesma menina que se casara com o homem que actualmente lhe era um total desconhecido cinco anos antes. Desde então crescera muito, tinha amadurecido bastante, deixara de acreditar em contos de fadas e de ver o mundo todo cor-de-rosa como fazia quando saia à noite com as suas amigas, tudo isso tinha acabado para si agora. Muitas foram as voltas e reviravoltas que a sua vida dera até então, mas no fim ali estava ela no sofá com a sua mãe, passara a tarde com ela e com o seu pai que chegara entretanto, sempre confirmando a presença do seu mordomo, que se deliciava com o olhar timido desta, ali naquele lar, sabia que tinha crescido imenso num curto espaço de tempo e vivido tantos momentos bons e maus, claro que os maus não davam para contar e os bons esses eram demasiado raros. 

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