Lumina Lunii

 

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Dedicatória

Dedico este livro a todos que acreditam e que sonham que podem, por mais tarde que pareça... Realizarem os seus sonhos. 

 

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Chapter 1

 

—Eu não consigo senti-la mais e informantes avisaram que ela não está mais na Ásia. -Relatou o irmão mais novo Taecyeon sentado em uma cafeteria de esquina.  Taecyeon desenvolveu desde cedo um sexto sentido, totalmente sensorial onde conseguia sentir os outros membros da sua linhagem a centenas de quilômetros de distância.

Siwon riu de lado. Era difícil acreditar que sua meia-irmã havia fugido. Apesar de não ter sido a mãe dela morta por humanos e sim pelo primeiro guardião Arad, ela devia muito ao clã Dolj e destruir o que os Arad protegiam deveria ser sua prioridade. Então porque fugir no meio de um ataque a Hong Kong? Mesmo analisando todas as possibilidades e fatos, Siwon ainda tinha dúvidas daquela possível traição.

—Ah... Que merda! Isso só atrasará os planos. -Ele disse enquanto levava a xícara de café na boca para um pequeno gole. O café quente descendo por sua garganta o lembrava da sensação do calor de seu corpo quando ainda o vírus estava em hiato dentro dele.

Quem entrasse no restaurante não estranhariam aqueles dois homens sentados tão confortavelmente. Siwon usava uma calça jeans justa e blusa preta com mangas, um sapatênis e apenas um relógio e seu anel do clã como jóia. Já Taecyeon usava o anel, bermuda, sapatênis e uma regata azul. Fazia calor e eles gostavam de sentir o sol. Isso era uma vantagem em ser um nascido puro, andar no dia por horas e não ter nenhum desconforto, bem diferente dos recém-transformados. As mulheres naquele lugar os olhavam com desejo, o grande desenvolvimento dos seus organismos deixaram os hormônios mais fortes, inclusive a testosterona que atraía como um imã o sexo feminino.

No entanto não era assim que Christine se sentia. Ela não estava nenhum pouco atraída. Talvez a decepção amorosa e seu trabalho como garçonete não a ajudasse a se animar com aqueles homens, que por três dias entravam naquela simples e tradicional cafeteria de Hong Kong e fazia mulheres suspirar.

—Mais café? -Ela perguntou para o de blusa azul após revirar os olhos com o pensamento de mulheres suspirando por eles.

Christine havia reparado detalhadamente aqueles homens, graças a outras garçonetes. O de blusa azul era forte, com os músculos marcados pela camisa justa e parecia mais alto. O de blusa preta parecia mais fraco, porém igualmente definido. Ambos deviam malhar por horas, eram atentos e pareciam comunicar-se com outras pessoas com frequência, e ela convenceu-se de que era executivos.

—Não. -Ele respondeu secamente.

—E o senhor? -Ela perguntou virando-se para o segundo de blusa preta.

—Meu irmão e eu estamos bem. Se quisermos mais chamaremos. -Respondeu o outro com cara de desdém.

Christine deu três passos respirou fundo e murmurou: "idiotas". Que os dois puderam ouvir bem graças a audição apurada. Siwon riu enquanto seu irmão se distraia com o jornal local. E então ele decidiu continuar olhando e analisou aquela mulher por um tempo. Com a postura cansada e o humor nada agradável ela parecia estar no pior emprego do mundo.  Foi quase se se arrastando para a mesa seguinte onde um grupo com quatro meninas acenavam animadamente para serem atendidas. Elas entregaram um papel e para a surpresa de Siwon a garçonete voltou o caminho até a mesa deles sem tirar os olhos do chão encerado.

—Aqui!

Ela jogou o papel em cima da mesa aberto. Taecyeon levantou o olhar do jornal até ela questionador, enquanto Siwon olhou a plaquinha com identificação no uniforme: Christine.

—Aquelas meninas anotaram os telefones. Bom proveito! -Ela falou sem emoção ou esperou uma chance de resposta, deu meia volta e foi andando até a cozinha.

Abriu a porta da cozinha com estupidez, encostou-se ao balcão central da cozinha com força, colocou a mão no rosto e esfregou fortemente. Aquele parecia um dia interminável. Christine não aguentava mais aquele emprego, a faculdade e a vida em outro país tão diferente do seu.

—O que foi? Esta passando mal? -Perguntou outra garçonete com as mãos no ombro de Christine.

—Cansaço! -Christine disse como em um sopro. —Acho que vou pirar!

—Conseguiu ouvir alguma coisa dos bonitões da mesa sete? -Perguntou a garçonete ignorando a resposta de Christine.

—Tão idiotas e mal-humorados. Ah, e muito estranhos! Aura super pesada sabe? -Christine falou desencostando do balcão. —Vou voltar para a escravidão.

Pegou a jarra da cafeteira com o café quente e voltou para o salão principal.

Christine já estava no meio do salão, a quatro passos da mesa sete quando cinco homens entraram e rapidamente sacaram armas enormes, houve um alvoroço e a maior parte das pessoas saiu correndo pela porta do lado e outras foram para a cozinha onde havia outra saída. Siwon e Taecyeon se levantaram e foram impedidos de ir:

—Dê um passo e estouramos os seus miolos. -Comunicou um dos homens.

Siwon olhou para a garçonete e disse:

—Vá embora daqui! -Com medo que houvesse testemunhas do que ele e o irmão estavam prestes a fazer.

Christine não conseguia mexer-se. A jarra com o café balançando para cima e para baixo freneticamente demonstrava o quanto ela estava tremendo apavorada.

—Foda-se! Tire a daqui. -Gritou Taecyeon para o irmão e em alguns segundos depois ele estava atrás dos homens que eram bem mais lentos que ele. Eles ainda apontaram as armas para Siwon e a garçonete que estavam fugindo e atiraram. Siwon apenas segurou-a, enquanto ela olhava Taecyeon com os olhos arregalados. Os sons das armas disparando quebraram o silêncio. Siwon correu com ela, porém um tiro de raspão a atingiu no braço.

Siwon parou a quatro quadras dali em um beco sem saída.

—Merda! Você esta ferida?! -Ele perguntou ao ver o sangue que escorria em bom volume pelo braço da garçonete.

Os olhos dela se reviravam e ela se contorcia nos braços dele.

—Convulsão? -Ele se perguntou.

A mão dela o tocou no rosto firmemente e ele teve a sensação mais estranha de sua vida. Sua força parecia estar sendo roubada e a dor era insuportável.

 

***

Yong Hwa pensou no quanto era ridículo ter que contratar um cientista para dar declarações mentirosas na tv. No entanto, depois que Siwon, príncipe do maior clã inimigo, os Dolj, decidiu deixar um rastro de destruição e vítimas mortas completamente sem sangues, em um ataque dias atrás em Hong Kong, o mundo iria querer explicações e várias hipóteses da existência dos vampiros foram rapidamente levantadas. Ele precisava apagar todas as evidências que os Dolj deixaram para trás e graças há um time de especialistas do seu clã Arad, isso foi possível. O que Siwon queria ao fazer tal ato era quebrar o acordo feito a centenas de anos com todos os clãs e linhagens sobre o sigilo da existência dos vampiros. Após a morte da matriarca do clã Dolj por humanos caçadores, ele se revoltou e quer a destruição da maioria dos humanos. Ele havia deixado isso bem claro quando veio até Yong Hwa para declarar isso. Achava-se superior aos humanos e os tratava como animais em fazenda, prontos para o abate desde o ocorrido. Era incrível seu ódio e ainda mais incrível, a quantidade de clãs que começavam a se juntar a ele.

As declarações do cientista no principal programa de tv da Coreia era o oposto do que Yong Hwa aprendera e sabia sobre os vampiros. Ele lembrou-se de tudo o que era verdade enquanto o cientista mentira descaradamente: Diferente do que muitos humanos acreditam vampiros não são mortos. São infectados por um vírus ao serem mordidos ou ainda no útero da mãe. Um vírus que é rapidamente espalhado na corrente sanguínea e levado a todos os órgãos e lá faz os tecidos se multiplicarem cada vez mais forte. Quanto ao cérebro, o vampiro consegue usar totalmente os 100% de cada área separadamente desenvolvendo várias habilidades. Não há tanta necessidade de oxigênio para irrigar os órgãos e a respiração torna-se quase nula. Vampiros são como super-humanos, com necessidade de sangue. Pode parecer vantagem mais a lista de sintomas degradantes, principalmente para os recém-transformados é assombrosa. Para manter a força do corpo a necessidade de ferro é enorme e só se consegue o suficiente do sangue humano. A luz torna-se incomoda aos recém-transformados que podem viver centenas de anos presos no escuro quando dia e saindo para caçar a noite sem nenhum tipo de controle sobre a sua necessidade. Os nascidos puros, como Yong Hwa e Siwon, não nascem vampiros, em sua maioria. O vírus fica em hiatus no organismo podendo aflorar em qualquer idade e em casos raros, ainda quando fetos ou idosos. O envelhecimento torna-se lento e quase nulo com uma regeneração tão rápida das camadas da pele e a produção aumentada de colágeno.

Yong Hwa estava sentado de frente para a TV e apesar de escutar a porta abrir, nem se abalou ao ouvir passos tão firmes. Pelos passos sabia que era sua melhor guerreira e prima: Sunny.

Depois de um tempo em pé assistindo a entrevista, ela bateu palmas ironicamente.

—Parece que você conseguiu primo. Ninguém vai acreditar nessas teorias ridículas! Tenho raiva de sermos retratados assim e esses humanos tolos acreditarem! -Ela respirou fundo e jogou-se no sofá. —Sabe até concordo com o Siwon nisso de extermina-los...

—Sunny, nem brinque! Se alguém do clã te ouve dizendo isso, pode ser considerada traidora e nem eu sou capaz de salvá-la.

Apesar da aparência séria e preocupada de Yong Hwa, Sunny sabia o quanto aquelas palavras iriam choca-lo e até arrancar um tímido sorriso, como realmente fez. Desde a declaração de Siwon, na mansão em plena reunião de clãs, Yong Hwa apenas vivia sério e pensando em um jeito de salvar seu clã e os humanos que os primeiros das linhagens tanto defendiam.

—Você é o príncipe YONG HWA. Sou sua prima e meu pai era o segundo guardião do clã e terceiro na linhagem dos Arad. Ninguém ousaria mexer comigo... Você não acha? -Perguntou Sunny debochando do quanto os seus postos no clã, jogados a eles desde que nascidos, pareciam sérios e eram respeitados. Realmente ninguém do clã se atreveria com os herdeiros legítimos da linhagem Arad.

—Você não deve ser tão confiante! -Ele a alertou com medo da inconsequente prima.

—Sunny, porque você veio? Teve alguma notícia da irmã do Siwon? Descobriu se é verdade que ela fugiu do ataque de Hong Kong? -Ele perguntou enquanto passava a mão pelos cabelos da nuca em um gesto de preocupação e exaustão.

—Parece que sim! Um dos espiões do nosso clã disse que ela fugiu no meio do ataque. Os dois irmãos estão à caça da Princesinha. -Ela respondeu levantando-se e indo até a janela.

—Algo grave deve ter acontecido Sunny. E se ela desistiu do plano deles? -Ele arrependeu-se de como aquelas palavras saíram com um ar de preocupação.

Sunny voltou-se para ele e o olhou boquiaberta. Como ele poderia estar preocupado com uma Dolj? Uma linhagem que só havia causado destruição desde o princípio.

—Ela é uma deles... Uma Dolj! Nunca desistiria Yong Hwa... Ela deve ter tido outra prioridade no meio do ataque... Foi destruir outra cidade quem sabe?

Sunny estava ofegante de tão furiosa. Seu pai havia morrido pelas mãos de um Dolj. Ela os odiava. O rosto do Yong Hwa de que não estava convencido, arrepiou Sunny. Havia pura determinação naqueles olhos negros.

—Nós vamos achá-la! Quero que coloque os nossos melhores soldados atrás dela. Temos que achá-la primeiro. Teríamos um trunfo contra eles.

Há dias ele havia pensado nisso. Se houve uma briga entre os príncipes dos Dolj, porque não trazer a irmã para o lado dos Arad? Com pelo menos um Dolj ao seu lado poderia convencer os clãs indecisos a juntar-se ao seu clã.

—Mas primo o nosso clã esta em desvantagem e você pretende deslocar os melhores homens atrás dela? Você está agindo erradamente... Sei que você é o príncipe, mas não posso fazer isso!

Sunny disse vermelha, era a primeira vez que negava tão veemente um pedido do seu primo.

—Eu não estou pedindo Sunny. Eu estou mandando. São ordens!  -Ele disse se alterando e estando desconfortável, mas desde o encontro onde os príncipes dos Dolj foram até aquela mansão, ele viu um pedido de socorro silencioso nos olhos dela.

—É bobagem fazer isso! Ainda mais quando não sabemos o real motivo daquela... Dolj! Mas, você é o PRÍNCIPE e o futuro do nosso clã! -Ela disse irônica e completou: —Espero que seja uma boa decisão ir atrás dela.

Yong Hwa olhou para o chão. Com embaraço de ter insistido nisso. Ele também esperava que tivesse tomado uma boa decisão. Mesmo a mente dele gritando que não era.

 

 

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Chapter 2

Aos poucos Siwon se sentiu fraco, suas forças estavam sendo sugadas e a sua vontade por sangue havia subido a níveis alarmantes. Uma das mãos daquela mulher firmemente tocando o seu rosto, o pescoço amostra enquanto ela se contorcia em seus braços. Ele olhou as veias do pescoço tenso esticado de Christine e era um enorme convite que ele não podia ou queria recusar.

O grito agudo de Christine rompeu o silêncio enquanto o dente de Siwon cravava em sua pele deixando um rastro de sangue pelas roupas da garçonete e pelo chão. Ela não pode se concentrar no que acontecia ou até mesmo na dor. Imagens passavam avançadamente pela cabeça de Christine. Aqueles dois homens tinham muito mais a esconder do que apenas o que acontecerá agora pouco. Os olhos de Christine se arregalaram enormemente e ela aos poucos parou de se contorcer. As imagens do passado que ela poderia enxergar graças ao seu dom, foram para além daquele momento naquele beco. Ela não sabia dizer exatamente o que acontecia mais via imagens de uma mulher seguindo de avião para a Romênia, havia uma enorme caçada daqueles dois homens atrás dessa mulher e um outro homem tão charmoso quanto os dois a resgatava da morte. O calendário mostrava dias que ela ainda não havia vivido. Ela estava visualizando o futuro daquele homem e o que o aguardava.

Siwon não conseguia decifrar as primeiras imagens que vieram a sua mente apesar do grande esforço: um bebê, uma mulher com longos cabelos negros sorridente em um hospital e um homem que parecia a visitar extremamente infeliz. As imagens passavam como flashes em uma velocidade incrível, difícil de gravar ou entender, aquela menina parecia crescer desengonçada, sem amigos e sofria muito. Lágrimas e choros apareciam a todo o momento. O bebê havia crescido e de longe aparentava a garçonete que ele vira mais cedo, possivelmente ela estava na adolescência. Alguém havia pegado um objeto dela emprestado, que depois ele percebeu ser um estojo e quando a devolveram horas depois antes de ela entrar na aula, ele pode sentir uma energia forte e estranha. A menina estava tão angustiada quanto ele e a situação só piorava, cada vez mais objetos e pessoas que ela tocava quando estava aparentemente alterada, algo forte acontecia, o tempo foi passando e ele viu quando a garçonete já adulta assistia ao noticiário sobre o ataque em Hong Kong.

Siwon sentiu algo o puxando para trás e uma névoa naquela cena encobrindo-a tampando sua visão da assustada garçonete perplexa em frente a TV. O baque no chão foi enorme e ele sentia-se melhor agora. A angústia e todos aqueles sentimentos haviam o deixado, fechou os olhos e abriu inúmeras vezes. Recuperado ele viu seu irmão em frente ao corpo caído da garçonete a observando minuciosamente. O olhar de Taecyeon voltou para ele:

—Isso não é hora de alimentar-se Siwon! -Gritou furioso Taecyeon enquanto certificava a pulsação da garçonete.

—Ela morreu? -Siwon perguntou após observar o irmão levantar-se.

—Infelizmente não, mas precisamos sair daqui agora! Aqueles homens não estavam sozinhos. Dei um jeito nas câmeras de segurança. -Ele informou enquanto passava as mãos pelo cabelo observando a garçonete caída em sua frente.

—São caçadores... Teremos que mata-la... -Siwon disse observando seu irmão analisar pensativo.

—Deixe-a aqui... Eles a mataram ou ela morrerá com o sol ou com o ferimento se demorar a transformar-se. Na melhor hipótese eles perderam um bom tempo eliminando-a. -Disse Taecyeon afastando-se.

—Eu não posso deixa-la aqui. -Siwon informou cabisbaixo e então encarou Taecyeon que estava espantado.

—Porque não? -Taecyeon indagou e Siwon então se voltou para perto da garçonete.

—Preciso levá-la conosco. Algo estranho aconteceu. Não dá tempo para explicar. Pegue um carro e traga-o aqui,  a levaremos. Preciso que o conselho a examine. -Siwon disse e não teve nenhuma reação do irmão e então ele levantou e disse: — Rápido!

Taecyeon obedeceu e pouco depois estavam no carro. Os dois na frente, Taecyeon dirigindo e Siwon de carona, e a garçonete deitada à grosso modo atrás do J6 preto.

—Você vai falar o que está acontecendo ou porque esta com essa cara de bunda?

Siwon respirou pesado, ele não estava para brincadeiras. Há pouco eles haviam acabado de se salvarem de caçadores, sua irmã estava desaparecida e no banco de trás do carro havia uma vítima de sua vontade repentina pelo sangue dela.

—Eu pensei que você tinha se saciado no ataque a dias atrás. -Taecyeon tirou uma das mãos do volante e tentou ligar o Som, mas foi impedido por Siwon. -Não, minha cabeça dói um pouco. -Ele disse sinceramente o que fez Taecyeon estreitar os olhos e concentrar-se novamente na avenida.

—Eu senti algo diferente... Eu vi coisas da vida dela enquanto a sugava.

—Você deve ter delirado de fome. Você não deveria estar com fome a ponto de atacá-la.

—Não, não deveria. E o delírio parecia tão real...

—De qualquer forma acho errado trazê-la conosco era preferível matá-la.

—Preferível para quem?

Taecyeon se calou. Siwon havia perdido o juízo. Não estava agindo racionalmente, por causa de visões aquela mulher estava viva e se juntaria ao clã. Em uma época de guerra seria bom mais soldados não é? Mas Taecyeon sempre achou que não quando a guerra se trata de vampiros, ele prefere os poucos em que pode confiar.

 

***

—Não é assim que se atira! -Sunny falou após ver Harry errar. -O que esta acontecendo? Você nunca erra Harry! -Ela disse aproximando-se dele. Ele travou a arma e deu uma boa olhada na mulher em sua direção à asiática com os cabelos curtos pintados de loiro, o corpo esbelto e a calça jeans com regata, com certeza a faziam fugir do estereotipo vampira dos filmes Hollywoodianos. A presença dela era o único motivo dele ter errado.

—Acho que é o sol. Estou há dias treinando nesse sol, acho que deveria entrar e ficar uns dias de repouso. –Mentiu descaradamente.

—Desde quando o sol te faz mal dessa maneira? Não é você que tem uma tatuagem de que se orgulha muito chamada Brasil? Sempre soube que lá é muito quente.

—Sim, lá é bem quente, porém aqui parece muito mais desde que você chegou. E por falar nisso, ainda tenho que te mostrar essa tatuagem. –Ele deu uma olhada para o corpo de Sunny sugestiva. Ela sorriu acanhada e colocou uma mecha chata atrás da orelha.

—Estou pensando seriamente em viajar...

—Você não pode Harry! Temos uma super missão de clã para fazer. -Ela disse séria, o que mudou completamente o clima descontraído com que se falavam no início. O belo sorriso que ele exibia se fechou.

—Que tipo de missão? –Ele perguntou levantando uma das sobrancelhas.

—Encontrarmos a herdeira dos Dolj. –Disse Sunny fazendo careta e franzindo o nariz.

—E porque devemos encontra-la? -Ele falou despreocupado olhando para o gramado, que agora servia de cama para sua arma e parecia crescer preguiçosamente.

—Não sei se te contaram, mas estamos em uma guerra?! A princesinha fugiu e captura-la... Esse é meu principal trunfo contra os Dolj.

—Seu ou de Yong Hwa? Não sei se quero arriscar minha vida atrás da PRINCESINHA dos Dolj.

—E você acha que eu quero?-Ela disse enquanto apoiava-se no ombro dele.

Harry suspirou pesado, por mais que tentasse entender Sunny, não entendia por que tão cegamente ela seguia Yong Hwa e tudo o que ele dizia. Não combinava com a personalidade forte que ela mantinha.

 —Acho errado, ficaremos desprotegidos enquanto estamos atrás de uma mulher que nem do clã é. Que é contra tudo o que lutamos e protegemos...

—E mesmo assim você vai que nem uma cachorrinha seguir as ordens e ideais dele. -Harry comentou rindo e Sunny irritou-se.

—Você é um idiota! Vá se fuder,vai! -Ela disse antes de virar-se e voltar a grande mansão Arad.

***

Natália e Eduarda andavam tentando evitar os olhares pelo aeroporto Internacional da Romênia. Depois de horas de viagem haviam chegado. Natália estava longe da garra dos seus irmãos e dos seus planos. Pediria auxílio aos clãs que não estavam em nenhum lado.

As duas fizeram sinal para um táxi, ficariam em um hotel até o dia seguinte, onde partiriam para Galati. Os vampiros de Galati desde a primeira guerra mundial decidiram não participar de um clã específico. Eles acreditavam que vampiros têm muito mais para preocupar-se com simples guerras que envolviam apenas humanos, porém os Dolj e os Arad escolheram o lado que queriam defender na primeira guerra e foram vitoriosos. Até que o ódio dos Dolj por humanos acabaram não só com a aliança entre os clãs, mas culminaram em uma guerra entre os vampiros.

—Você tinha que escolher o lugar mais barato? -Perguntou Eduarda olhando com desdém o quarto onde ficariam.

—Lógico. Se eu fosse para um hotel caro, o Taec e Wonnie poderiam me encontrar. Lembre-se que ainda não estamos sobre a proteção dos Galatis. -Ela disse olhando para o quarto um pouco arrependida, porém virou-se para olhar a amiga e anima-la. —Precisamos seguir meus irmãos nunca me perdoaram. Não posso desistir agora.

—E nem vai amiga! Você não precisa mais fazer parte dessa guerra.

—Mas às vezes tenho uma enorme vontade de lutar com meus irmãos Duda e decepar o príncipe dos Arad. Sinto sede de vingança.

—Eu sei Naty, seria a vingança perfeita... Sabe, às vezes pergunto-me se você não está fugindo só porque seus irmãos a proibiram de fazer algo, quando invadimos a reunião do clã Arad. -Eduarda disse colocando a mala ao lado de uma das camas de solteiro no quarto onde elas estavam.

As luzes eram baixas dando um clima meio mórbido ao local, que deveria ter sido na sua época de ouro uma pensão medieval. A placa razoavelmente grande com escritas antigas indicava isso.

—Me deu muita raiva, mas eu não podia matá-lo ali, hoje vejo que isso seria loucura. Botaria todos em risco. Sabe Duda, eu fujo desses massacres em massa. Nós, nascidos puros temos total controle, mas os recém-transformados, você sabe que não! Usar recém-transformados nessa guerra é tolice. É imoral. Eu vi quando mataram mulheres e crianças e por pouco, apenas por pouco eu consegui salvar uma criança e fugi. -Contou Nathalia sentada na cama enquanto tirava as botas pretas sem salto de cano longo.

—Seus irmãos estão cegos e tomados pelo ódio...

—Eu os entendo Duda, só não quero mais ser igual a eles. Acho que tem gente que não merece sofrer! Tem vampiros muito pior do que humanos. -Nathalia disse convicta de seus pensamentos. Por mais que amasse seus irmãos, ser igual a eles não há traria benefício nenhum, só crueldade por ser uma raça superior.

—Bem, chega de conversa por hoje. Vamos dormir! -Duda disse após bocejar: -Amanhã teremos que ir para Galati e passar mesmo por aquela floresta?

—Precisamos da autorização dos vampiros guardiões da cidade e tem alguns deles que moram na floresta. Ei, vou ter que te explicar tudo mesmo? -Nathalia perguntou fazendo uma careta e então Eduarda balançou a cabeça negativamente.

—Yong Hwa? Yong Hwa? -Gritava Sunny pelo corredor da mansão Arad que levava ao escritório de Yong Hwa. Os passos rápidos ecoavam no corredor vazio e então ela abriu a porta e viu Yong Hwa com um dos vampiros subordinados que eram investidores do clã.

—Olá! -Sunny disse ofegante para o homem sentado. Ocidental, moreno, com olhos verdes... Um belo tipo de homem por sinal.

—O que você quer?-Perguntou Yong Hwa rompendo alguns dos pensamentos libidinosos de Sunny.

Sunny olhou para o homem e para Yong Hwa. O homem entendeu o silêncio recado e tentou levantar-se para deixa-los a sós, porém recuou de volta a cadeira com um gesto de Yong Hwa.

—Você pode falar! Tenho confiança em George, seja qual for o assunto.

—Harry se recusou a ajudar na procura da...-Sunny relutou por alguns segundos antes de falar o nome da princesa dos Dolj. -Nathalia, a herdeira dos Dolj. -Sunny segurou-se para não chamá-la de "princesinha" como geralmente fazia. -E se ele não for muito dos nossos bons homens não iram ir. Você devia obrigá-lo! -Sunny disse o que realmente pensava com um gosto de vingança. Adoraria ver Harry no campo de batalha com ela novamente, só que dessa vez não era para lutarem juntos por um ideal, era para capturar a desertora do trono Dolj.

—Tudo bem se ele não for! George acaba de me informar que ela e mais uma mulher foi vista na Romênia... E isso faz muito sentido.  Pense comigo Sunny: Se você quisesse sair do seu clã e fosse para Romênia. Aonde pediria abrigo?

—Ela foi atrás dos Galati! -Sunny chocou-se colocando as mãos sobre os lábios. Não podia ser... Ou será que poderia? A princesinha estava mesmo largando o clã Dolj?

—Estamos na frente prima, meu informante nos Dolj até agora não entrou em contato, provavelmente eles não sabem do paradeiro dela. Não quero muitas pessoas nessa missão. Eu pessoalmente irei atrás dela! Mande preparar o jato, sairemos em meia-hora! - Yong Hwa disse com um brilho nos olhos. Como se fosse à chama da sua última esperança.

 

 

 

 

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