A Chance

 

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Sinopse

"Eu quero o divórcio" essas eram as palavras ditas por Hugo que ecoaram pelo quarto e pela mente de Beatriz.

 

 

Hugo e Beatriz eram casados há quase dez anos. Começaram a namorar quando faziam o curso de Administração. Após formados decidiram que era o momento de casar. Hugo se tornou Analista Sênior na rede de farmácias do pai de Beatriz. E Bia decidiu se envolver com projetos sociais. Eles são considerados o casal perfeito por todas as pessoas que os conhecem. Mas até mesmo o casal perfeito tinha seus problemas.

 

As brigas constantes, decisões conflitantes e diferenças irreconciliáveis permeavam a vida de Hugo e Beatriz. Até que um dia Hugo decidiu que era hora de pôr um ponto final, naquele que um dia foi um relacionamento feliz. 

 

Porém, durante o processo do divórcio, surge alguém do passado na vida de Beatriz a fazendo enxergar além dela mesma. Até o destino mudar o jogo.

 

Agora, Beatriz precisa tomar uma decisão que mudará sua vida e lhe dará a Chance de ter o que realmente deseja.

 

 

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Prólogo

Vidros e retratos quebrados, roupas pelo chão e um silêncio quase absoluto no quarto. Pode -se dizer que um furacão passou por ali. O cenário veio se repetindo com maior frequência durante os últimos meses e já não espantava mais os vizinhos e nem os moradores. Aliás, os moradores estavam presentes na cena caótica, cansados e pensativos.  Beatriz estava sentada na cama de cabeça baixa e Hugo estava próximo a porta do banheiro, encostado e de olhos fechados.    

 

Outrora aquele cenário significava mais uma incrível e tórrida noite de amor, mas agora representava somente o ódio de ambos.   

 

      - Eu quero o divórcio... Eu preciso do divórcio... Eu preciso viver novamente – diz Hugo, quebrando o silêncio. Ele decide se aproximar daquela mulher com quem a pouco tivera uma briga terrível. Ajoelha-se na frente dela e olha fixamente em seu rosto.   

 

     O rosto, sim, o rosto da mulher por quem passou anos apaixonado. A quem jurou amor eterno. Ainda era o mesmo rosto daquela jovem que conheceu no réveillon da virada do milênio. Uma história que ele adorava contar para aqueles que perguntavam como eles se conheceram, mas agora já nem sequer fazia questão de recordar.    

 

 Hoje era um rosto pálido com algumas rugas, mas era ainda um belo rosto. O nariz ainda era fino ornando com o formato do rosto. Ainda tinha as três pintas próximas ao olho esquerdo, bem como as sardas. Os olhos, aqueles olhos que ele jurava terem sido desenhados, eram arredondados e ao final eram levemente puxados. Os olhos castanhos mais expressivos que conhecera, já não lhe dizem nada.   

 

       - Eu conheci alguém – segura  as mãos de Beatriz – não nos envolvemos ainda. Na verdade só tomamos um café, mas eu me senti vivo de novo. É como se eu pudesse... Se eu pudesse amar outra vez!   

 

Aquelas palavras foram como um soco em Beatriz. Pela primeira vez ela olhou no rosto de Hugo. Buscava fervorosamente que ele estivesse arrependido, mas só encontrou naqueles olhos negros, como a noite, a verdade das palavras ditas.    

 

      - Eu juro que eu tentei Bia – disse Hugo colocando a cabeça em seu colo – juro que eu tentei resgatar o nosso amor, só que ambos sabemos que ele acabou. Bem como nossos sonhos... Pelo amor de Deus diga algo! 

 

      - Dizer o que, se você já decidiu tudo por nós dois? – questiona Bia, o afastando de seu colo – Me diga à opção que eu tenho? –  segura o rosto de seu marido – Eu ainda te amo! Você é o amor da minha vida! Você é a razão da minha existência! E MESMO SABENDO DE TUDO ISSO, VOCÊ NÃO QUER MAIS! NÃO ME QUER MAIS!   

 

    - Nós não nos suportamos mais Beatriz! Olha nossas brigas! Olhe para nós! Acabamos de brigar e já começamos de novo – retruca Hugo se levantando. Não podia mais levar aquilo adiante então, de costas, determina- Irei para casa de um amigo e amanhã entrarei com a papelada. Peço que assine o divórcio em memória do que vivemos.   

 

     - Vai para a casa dela? – pergunta Beatriz sarcasticamente. Ela vai  em direção à Hugo – Vai brindar a morte do nosso “amor eterno” com ela? Contará para ela que o mesmo amor que jurou para mim, agora irá jurar para ela?   

 

    - Ela nem sabe de nada. Nem tenho certeza se é ela quem eu vou amar...-  responde Hugo  que se vira para Beatriz- Já disse que irei para casa de um amigo. Peço que você não me siga.   

 

   - Lamento informá-lo, mas dessa vez não irei. - retruca Beatriz amargurada.- Tenho meu orgulho. E já que está decidido , vá embora. Leve suas coisas e vá. Mas leve tudo! TUDO!    

-Não se preocupe farei isso. Só peço que assine os papéis do divórcio, por favor.

 

- Acha mesmo que vai levar o dinheiro da minha família com você, seu golpista? - grita Beatriz que agora estava com um abajur nas mãos - Isso nunca vai acontecer. Você sairá dessa casa do jeito que entrou: sem um tostão no bolso!

 

- Eu conquistei tudo isso aqui! - diz Hugo exaltado. Ele aponta o dedo para Beatriz e continua -  Eu cresci na empresa! Tenho tanto direito quanto você. Aliás, você só gastou todo o dinheiro todos esses anos.

 

- Com caridade! - retruca Beatriz, jogando o abajur em Hugo. Ele consegue desviar ,deixando abajur se despedaçar na parede , o que aumenta mais a fúria de Beatriz- Seu babaca ,  insensível.

 

- Chega! Estou cansado disso! - diz Hugo,  segurando Beatriz - Acabou!

-Ainda bem que não tivemos filhos, assim eles não veriam o pai vigarista que você é - diz Beatriz fazendo força para sair das mãos de Hugo. Ela sabia que aquilo era o que ele mais desejava e por isso aquilo iria machucá-lo. - Ainda bem que não cometi esse erro.

 

Ele a solta, como previra Beatriz, a jogando na cama. Os olhos negros de Hugo demonstravam toda dor que sentia ao ouvir aquelas palavras.  Como ela pôde? ,  pensa transtornado. Sem dizer uma palavra foi em direção à porta deixando Beatriz atônita na cama. Hugo jamais poderia imaginar que o relacionamento deles iria acabar daquela forma.

***

Hugo vai  para cozinha atrás da secretária do lar, Helena, uma senhora de sessenta anos que sempre trabalhou para a família de Beatriz. Ela está sentada conversando com o motorista, Antônio, um rapaz recém contratado pelo casal. 

 

-Helena, por favor vá até o meu quarto e faça minhas malas. E amanhã preciso que todas as minhas coisas estejam empacotadas. Enviarei o endereço para onde irá enviá-las. - diz Hugo olhando para os imãs de geladeira. Ele procura um número de táxi. Geralmente era ali que Helena os deixava para ela mesma usar.

 

- Sim, senhor - responde Helena indo em direção ao quarto.

 

- Para onde o senhor quer que eu o leve? - pergunta Antônio, já em pé ao lado de Hugo.

 

- Para lugar nenhum. Irei de táxi dessa vez. Assim ela não pressionará você a contar nada. - respondeu enquanto pega um número de táxi da geladeira.

 

Não sabia na verdade para onde iria, mas qualquer lugar naquele momento era melhor que a sua casa.

***

Quando Helena entra no quarto ,encontra Beatriz chorando convulsivamente na cama.  

   - Dona Beatriz não fique assim.... – diz a empregada, sentando na cama – Logo, logo Seu Hugo vai voltar para casa novamente. Como sempre.

   

  - Não, não Leninha – diz Beatriz entre soluços – dessa vez não. Dessa vez foi o fim. O fim de tudo! Ele já tem outra! Ele me trocou! 

 

   - Ô Dona Beatriz, isso passa. Tudo nessa vida passa. E vocês sempre foram um casal tão unido. É só uma fase. – levanta da cama – eu vim pegar as coisas do patrão.   

- Ele quer as coisas dele? - pergunta Beatriz levantando da cama. Ela vai  ao closet e começa a jogar todas as roupas e sapatos de seu marido - Então leve tudo! E o que não for, queime! EU não quero nada do Hugo nesta casa! Se ele não quer mais, eu muito menos! 

 

Helena olha para sua patroa atônita, nunca vira Beatriz tão transtornada. Entra no closet e abraça Beatriz. Ela a conhecia desde pequena, era como se fosse a filha que nunca tivera.

- Acalme-se , Dona Beatriz. Isso é só uma fase. - acaricia a cabeça de Beatriz - Tudo vai dar certo.

- Será , Leninha? Será mesmo? - pergunta Beatriz entre soluços.

- O que for para ser , senhora , será - garante Helena.

 

Depois de muita resistência, finalmente Helena conseguira colocar Beatriz na cama e começou a arrumar as coisas de Hugo. 

***

      Quando Hugo subiu novamente, as suas malas estavam feitas. Ele pensa em ir até o quarto dar um adeus a Beatriz, mas resolve que não, pois ela poderia implorar para que ele ficasse, coisa que não estava disposto a fazer.  Pega suas coisas e vai  embora do duplex.

 

Ao ouvir a porta se fechando na sala, Beatriz pensa em levantar, mas seu corpo não lhe obedeceu. Então ela deita em sua cama e chora. Desejava que tudo aquilo fosse somente mais um dos seus pesadelos.

 
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